Fui a uma praia que era tão linda que quis deixar de morrer ou morrer eternamente alí. Era uma praia como outra qualquer, muito sol, areia, água... espera, preciso parar e pensar, não pensar mas sentir porque esta praia não é uma qualquer, sinto-me segura, alimento-me de mim mesma.
Mas como? Como é que pode ser isso? Uma praia tão linda e como outra qualquer?
Como sentir-se segura se o eufórico mar me ameaça e as suas ondas ganham maior dimensão. Não, não fico aqui... não percebo o que estou a sentir. Ai! Não consigo andar nem correr, não consigo fugir daqui. Ajudem-me, por favor! Tirem-me daqui!
O que é que está a acontecer, grito e ouço a minha voz mas o velho da praia não desvia o olhar para me ver e para me salvar. Procuro tocar a areia, mas não a sinto, não me sinto. Parece que estou a voar, não sei se o mar avança até mim ou serei eu a avançar para o mar.
Procura tocar e sentir o mar mas não o sinto. Ouço uma música marinha suave e sonolenta. Tão doce ouvir o vento sussurrar no meu ouvido. Escuto o mar, mas como posso ouvir a voz do mar... espera, estou a senti-lo dentro de mim. Ai! Ai! Ai! Doi imenso e tento apertar o meu peito mas não consigo. Estou a dissolver, a desaparecer. Eu sou, eu tornei-me no mar.
Não toco mas sinto, sou o mar, uma alma do mar. Venho sentada numa onda soltar um último beijo a minha praia, a praia da minha ilha e depois sigo o meu caminho sem o olhar derradeiro dos que partem. Agora sim posso viver, viver intensamente.
Oh mar, quando te cansares de mim deixa-me numa praia bem bonita como a que deixei ficar no meu passado, mas não aquela. Quero outra praia, a praia do futuro e continuarei a viver eternamente por ti.
E, permita-me vir beijar-te quando necessitar de uma carinho teu.
Hildmel