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Com o sucesso da primeira venda a mãe resolve dar seguimento a mesma e no segundo dia prepara um outro tabuleiro recheado de pasteís para o menino ir vender. Volta o menino à rua na mesma condição do dia anterior. Tímido, perdido, envergonhado. Segue directamente para a praia com vontade de encontrar o amigo que lhe havia comprado os pasteis no outro dia.
Infelizmente, não encontrou o amigo. As pessoas famintas estavam na praia e mais uma vez faltava a coragem de gritar "Ô li pastel!". Encontrou outro rapazito que vendia bananas na praia, mas este já com experiência e "litros" de descaramento na reserva. "Oiá bô te podê bá vendem ess pastel lá debôs? Un te cuidob dess venda".
O rapazito acedeu e foi vender os pasteis com a maior naturalidade, mas como "azar ê d'zarente" o rapaz foi chamado e veio a correr, tropeçou e deixou cair os pasteis na areia.
Desesperado apanharam os petiscos, sopraram, sacudiram, limparam, mas já não havia remédio, estavam perdidos. "Un ca ta bá pa casa" disse o menino a medida que formavam duas lágrimas, uma em cada canto do olho.
"Un ca tá bá pa casa", repetia inconsolavelmente. Tinha perdido os pasteis, o dinheiro resultante da venda e quem viveu naqueles tempos já sabe o que o aguardava em casa, "pancada".
"Un ca tá bá pa casa", repetia. Apareceu uma senhora amiga da família e perguntou-lhe o que se passava. "Un ca tá bá pa casa", disse o menino. A senhora limpou-lhe a lágrima que irrompia e pediu-lhe para contar o que se passava.
Depois de relatar o sucedido a senhora deu dinheiro ao menino e este voltou feliz para casa e entregou o dinheiro à mãe. "Porké bô trazé tud ess dnher?", questiona a mãe. O dinheiro vinha a dobrar e a mãe tinha qur saber de onde provinha. O menino contou e depois de confirmar com a senhora voltou para casa, porque as mãe de Cabo-Verde amam seus filhos e no extemo do amor tem de saber tudo o se passa (passado, presente e, quando podem, até adivinham o futuro).
Tempos difíceis, ma temp sabin na d'vera